A Aforista

Rosana Stavis-uma atriz para degustar

A Peça traz à cena uma mulher caminhando sem parar em direção ao enterro de um amigo de longa data,  da faculdade de música. Enquanto caminha,  vêm-lhe pensamentos acerca de sua própria vida e os caminhos escolhidos por ela e outros velhos amigos, todos “promessas da música”.

Damasceno nos traz à cena três atores: Rosana Stavis,  atriz sublime – se entrega à personagem intensamente durante todo o espetáculo,  concentrada,  bela e forte, percorre os vários momentos da narrativa com convicção e brilhantismo.  Dois músicos-atores,  Sérgio Justen e Rodrigo Henrique,  fazem da proposta da direção uma forte performance e impacta o público. Meu destaque e para a direção musical e composição de Gílson Fukushima, tendo encontrado o tom perfeito para esta montagem.

Figurino de Karen Brusttolin. Conceito impactante. que se funde ao cenário de Marcos Damaceno numa bela arquitetura plástica, própria das obras modernistas. O desenho de luz, de Beto Bruel,  executado com preciosismo, valoriza a plasticidade da montagem.

O diretor Marcos Damasceno ousa e mostra um desenho claro (pode-se dizer limpo) do que deseja com esta proposta plástica–cênica;  artista talentoso,  joga-se à montagem de corpo e alma,  cuidando  todos os detalhes para ser um projeto altamente artístico.

Reflexão/Pensamento – Toda peça teatral é, também,  uma sinfonia; se fecharmos os olhos podemos sentir – ver e ouvir, o andamento da peça. Nesta proposta caberia, ainda,  trabalhar a jornada dramática e emocional da personagem principal  para, como o próprio diretor expressa, chorar ou rir. Tal não ocorre ao longo da peça restando,  por momentos, monocórdia; a musicalidade da voz da intérprete e a emoção a ser expressa é algo  preciosista e a interprete,  merece tal delicadeza de cuidado de direção, para  manter o público aceso, sustentando por momentos a performance da atriz.

Prestigie A Aforista pela qualidade do trabalho realizado com artistas comprometidos consigo mesmos e sua arte. Estar em um espaço que exala cultura e arte em tempos de violência e muitas vezes mediocridade, é deslizar em um espaço de poesia e luz Só nos pode fazer bem!

 Pamela Duncan 

Revisão- Eugenia Alice

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