Lygia Fagundes Telles
Grandeza e Sentimento de uma Autora
Na São Paulo do final dos anos 60, auge da ditadura militar, três jovens universitárias – Lia, Lorena e Ana Clara- convivem num pensionato de freiras relativamente liberais e progressistas.
O livro narra os encontros e desencontros dessas três garotas com o conturbado mundo que as cerca. Ano da publicação do romance: 1973.
Com lucidez e técnica contundente, Lygia Fagundes Telles retrata esse tempo por meio dos sonhos e da ótica dessas três meninas.
Como pano de fundo está um olhar apaixonado pelo Brasil , que vivia o tempo do governo Médici,mas que já apontava à transformação pela qual a sociedade brasileira viria passar até chegar à sua atual democracia.(?)
Somando-se e entrelaçando-se à história principal, temos a Mãezinha de Lorena,Max; o belo e frágil amante de Ana Clara, Guga, colega de faculdade de Lorena, e Irmã Priscila, a freira perplexa com a revolução dos costumes que atinge a todos os leigos e o mundo lá fora como um todo.
O Produtor Fernando Padilha nos traz uma produção bem acabada, cuidada nos mínimos detalhes, que faz jus ao perfil do teatro Eva Herz e ao inicio de uma produtora que tem como objetivo a qualidade e a nobreza dos empreendimentos.
A montagem tem a adaptação da talentosa Ana Maria Amaral, que desenha uma dramaturgia ágil e intensa, contando com um elenco bem afinado com a proposta da autora.
Meu destaque nesta montagem é para Clarisse Abujanra, atriz plena, madura, talvez pela idade, das interpretes, a que mais compreenda este universo e o tempo em que transcorre a historia. Sua atuação é visceral e verdadeira, apresentando um olhar profundo sobre o conteúdo e sentimento da peça.
Vale à pena conferir este espetáculo que fala de um tempo que passou, mas que ainda não foi bem esclarecido aos brasileiros.
Cotação: Bom
Pámela Duncan
Jornais Associados –
www.pameladuncan.art.br
Correção do texto:Cássia Fellet
Teatro Eva Herz
Av Paulista 2073 Conjunto Nacional