Isser Korik retorna aos palcos e dá brilho à Encenação
Em uma manhã de segunda-feira, em fevereiro de 1939, o produtor David O. Selznick (Isser Korik), insatisfeito com o que tinha nas mãos, contrata o roteirista Ben Hecht (Henrique Stroeter) para reescrever todo o roteiro de Sidney Howard para o filme …E o Vento Levou, que já estava sendo rodado. Porém, o novo roteirista é um dos únicos em todo o País que nunca leu o romance mais famoso daquele momento.
Se junta a eles o diretor Victor Fleming (Fábio Cadôr), que é tirado das gravações de O Mágico de Oz. Juntos, produtor e diretor, que leram o livro, têm a difícil missão de contar e interpretar as principais cenas do livro, para que Ben Hecht possa assim escrever o novo roteiro do filme que Selznick, pretensiosamente, quer que se torne um marco na história do cinema americano.
Cinco dias intensos de confinamento regados a água, bananas e amendoins, que o produtor considera ajudar no processo criativo. Ninguém sai do escritório até que o novo roteiro fique pronto.
Com direção de Roberto Lage, que se encontra nesse gênero, imprime-se ritmo ágil à encenação ao mesmo tempo em que deixa os atores à vontade, numa performance intensa.
Com trilha sonora bem conceituada, assinada por Fabio Ock, mostra as diferentes faces deste ator polivalente, enriquecendo a montagem.
Meu destaque é para Isser Korik. Pergunto-me: o que leva um produtor extremadamente ativo e fértil a montar um trabalho como esse – um risco que deu certo?
A vida do ator-produtor-diretor mescla-se, um pouco, com a do protagonista da obra em relação ao amor, à intensidade da busca pela arte–produto e pela vida. Enfim, quase como um jogador no cassino, jogando poker, e que deseja ganhar ao destino e a vida. Eis aqui o mistério da profissão, do profissional produtor-ator e o que a peça em si nos mostra: apostas altas no pessoal e no profissional; a vida intensa por um fio… e o prazer da realização a todo custo!!!
Isser, excelente diretor, entrega-se intensamente ao ator acreditando em cada palavra e movimento; ora seguro, ora inseguro, visceral e pacato. Tudo passa pelo interprete que vê, quem sabe, sua vida refletida nesta montagem.
Com elenco de apoio afinado, a montagem flui como num verdadeiro jogo de apostas.
Vale assistir à montagem e conhecer um pouco mais dos bastidores de “quase” todas as montagens artísticas de São Paulo.
Ponto de vista
Pamela Duncan
Revisão: Lourenço Santos
Jornais associados
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