O Rio Lear

Ver ou não ver, eis a Questão

Rei Lear, considerada uma das quatro grandes tragédias de Shakespeare, mostra o declínio de um rei envelhecido e insano diante de um reino dividido e hsotilizado por sua prole.

A adaptação ousada do talentoso Newton Moreno e do idealizador-produtor Alexandre Brasil, o segundo pesquisador apaixonado de Shakespeare, nos entrega um espetáculo sensivel com  equipe de atores consagrados e coloca em cena um espetáculo necessário  hoje e às novas geraçoes .

Newton Moreno, diretor – roteirista,  nos traz  do original  um “Seu Lear”, latifundiário brasileiro  que decide, em sua velhice, dividir suas terras entre suas três filhas. Para tal questiona, numa reuniao,   que falem o quanto o amam.

 Goneril, filha mais velha de Lear e Regina , sua segunda filha, enchem os ouvidos mudos de elogios ao pai, pensando mais longe, na partilha. 

Quando solicitada pelo pai, a mais nova, Cordélia,   não consegue falar publicamente  quanto o ama e, por isso, é deserdada, posta para fora de casa. É acolhida por um indígena e este mesmo vai interceder junto ao Coronel  a devolução do nome verdadeiro do rio que corta a propriedade.

Seu povo crê que a ‘posse’ do nome do rio pelo homem  branco ja causou muitos males a seu povo e os infortúnios só cessarão quando seu nome verdadeiro  for restituído passando a ser, novamente, o Rio Lear. O Coronel Lear recusa-se a fazê-lo e entrega as terras às duas outras filhas. Dá-se inicio, assim, a uma guerra interminável terminando com a Morte tomando conta de tudo e todos.

A preocupação de  Shakespeare com o meio ambiente  é citada pelo pesquisador do Bardo Todd Borlik, diz:  “O autor de Rei Lear, usando a realeza como  metáfora para o controle humano do meio ambiente faça:

“Quando reis descobrem que a terra nao existe para atendê-los, abandonanam as ilusões de que temos o direito de dominá-la”. Shakespeare aborda esses temas que hoje nos preocupam sobre, o  Planeta TERRA. marcando  a premissa que   termos que caminhar juntos no cuidado de nosso habitat.

No protagonismo  de “O Rio Lear” o artista e ator Leopoldo Pacheco  -homen de teatro, a mergulhar de forma brilhante  e visceral, de dicção perfeita e grande dominio de cena  entrega-se ao espetaculo de forma visceral e bela.

As Filhas do “Seu Lear”,  Simone Evaristo, Sandra Corveloni e Michelle Boesche mostram o seu talento  com verdade  nos encantando  com o verbo e movimento de cena.

Jorge de Paula se destaca em cada intervenção, tendo potência em seu discurso .

Ronny Abreu, de origem indígena, leva no sangue o lamento e a tragédia dos povos originários, donos da terra. Mostra ancestralidade  e profunda  verdade no palco .

Newton,  experiente diretor, adapta suas ideias e performance ao auditório da estreia e deixa os atores com grande liberdade de movimento.

Zé Valdir , com adereços e um cenário simples – bem conceituado.

Oportuno falar deste 1,5ºC, como meta. Já superamos este índice e parece que pouco podemos fazer. As consequências estão no dia a dia, nas diferentes tragedias ecológicas-ambientais.

O espetáculo termina com palavras de um Unicórnio, da Ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, dando esperança  à semelhante tragédia .

Vale a pena assistir espetáculo O Rio Lear para não perder a reflexão e o  pensamento de que temos que cuidar nosso habitat  em todos as frentes .

E nas palavras  do Papa Francisco em uma homilia  para que as pessoas não continuem cegas à destruição do meio ambiente Sugiro que adaptemos o famoso ‘ser ou não ser’, de Hamlet, e afirmemos: ‘ver ou não ver, eis a questão!’ Isso começa com a visão de cada um, sim, a minha e as suas”.

Pamela Duncan

 blog Pensamento

www.pameladuncan.art.br

Alice Eugenia – revisão

“ORioLEAR”

De 31 de julho a 17 de agosto (quinta-feira a sábado, às 20h, e domingo, às 19h)

Entrada gratuita. Reservas de ingressos a partir da terça-feira da semana da apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br

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