Otelo, O Outro

Refletindo o racismo

Otelo, o outro –  se constroi com a leitura por um grupo de dramaturgos composto por Israel Neto, Joaci Pereira Furtado e Kenan Bernardes; parte-se da análise da obra Otelo, O Mouro de Veneza de Shakespeare, cujo tema da obra é os ciúmes. Necessária a compreensão de que o tema central, no caso deste trabalho, se dá com o enfoque do racismo contra os “mouros “, atingindo o seu ponto alto na guerra contra o Império Otomano – os muçulmanos são perseguidos e forçados ao exílio. A partir desta obra os artistas refletem sobre racismo e auto-exílio  atual e  diário da população negra brasileira.

 A minha atenção está sempre voltada à compreensão, pela plateia, do que o grupo se propõe a transmitir.

Penso ter faltado, nesta montagem, tal exercício dos realizadores, o de afastarem-se do centro da obra e orbitar na assitência, plateia, público. Explico:  quem não leu Otelo e não conhece Shakespeare, poderia ter vindo a compreender a peça  montada. 

Nesta proposta de dramaturgia e roteiro não fica clara ao público aquilo que os autores desejam com a obra escrita e corporal no palco; falta sincronicidade entre a direção e a dramaturgia.  

Se faz  necessário, na voz dos atores, o verbo mais profundo e contundente de que pequenas frases de rua ditas ao longo do espetáculo, como:  “se os japoneses são ou não mais racistas que os brancos”. 

E como ja observou Friedrich Nietzsche “O racismo funciona como um mecanismo de privilégios em sociedades profundamente  marcadas pela desigualdade social.”

Estas reflexões não desmerecem a pesquisa nem a obra.

A produção bem cuidada do espetáculo, os profissionais capacitados – em destaque o cenário de Júlio Dojcsar e o designer de som e difusão sonora, João Paulo Nascimento. 

 

Os atores bem escolhidos para o trabalho – Jefferson Matias, Kenan Bernardes. e Carlos de Nigro,este último,ator maduro, intenso ,se destaca no grupo, mostra-se  com otimo preparo para tão intensa performance. 

Fica para o idealizador Kenan Bernardes e Grupo, a necessidade da continuidade deste tema e doença social.

Um primeiro passo já esta dado.

Não é necessário ver toda a escada. Apenas dê o primeiro passo”.  Martin Luther King

 

Pamela Duncan 

Revisão -Eugenia Alice

Blog Pensamento – um ponto de vista.www.pameladuncan.art.br

Centro Cultural São Paulo 

Sala Jardel Filho – 321 lugares. 

Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso. São Paulo/SP.

Site: centrocultural.sp.gov.br

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