Elias Andreato, Um Poeta da Cena
Um homem e uma mulher se conhecem pela internet e, por meio de perguntas metafóricas, um tenta entender o outro. No bate papo virtual, se comunicam por meio de textos de escritores e poetas, como Jean Tardieu, Cacaso, Paul Celan e Herberto Helder, entre outros, como uma busca pelo diálogo belo e ideal.
Quando o casal se fala pela primeira vez ao telefone, um novo dado aparece – a voz. As camadas virtuais vão caindo, uma a uma, até que os dois se encontram de fato, corpo a corpo. A peça investiga a obsessão em conhecer o ser amado o máximo possível, em torná-lo decifrável e decodificado.
O texto, baseado num poema de Elias Andreato, é uma profunda pesquisa do grupo de artistas, que nos quer revelar os infinitos e indecifráveis caminhos para o amor.
Elias Andreato, poeta sensível, encena estes sentimentos de forma delicada e contida. Talentoso, autor-ator e diretor encontra, a cada expressão proposta, o sinal do amor perdido ou do amor buscado.
João Paulo Lorenzon, experiente intérprete, não encontrando as nuances no texto, esmaece as emoções da personagem; a voz impostada provoca um distanciamento da sua partner. Buscar força e inspiração de Magritte pode ser um caminho.
Meu destaque é para Helo Cintra, numa interpretação precisa e de rara beleza.Arrebatada, deslancha o texto com nuances e emoções comoventes.
Uma peça intimista, preciosista, baseada num profundo mergulho interior.
Vale a pena arriscar num espaço alternativo como o Miniteatro. Sem grande produção, encontraremos, como num espelho deformado, pensamentos e emoções que por momentos permeiam nossa alma.
Pamela Duncan
-Bom-
Miniteatro
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