Mutações

Uma peça urbana onde o Caos, a Sincronicidade e as Mutações caminham juntas.

“Mutações” é inspirada na simbologia do I Ching -O Livro das Mutações,conhecido oráculo e caminho filosófico chinês.

A pesquisa se inicia com um grupo de artistas tentando desvendar – ou não – o momento que vivemos, onde o Caos – Yang e Yin, nos mostram tudo aquilo, antes seguro nas nossas vidas, desabando e partindo para o desconhecido,   assomando gigante, inesperado e devastador. Talvez, em contrapartida, propicie novo olhar à existência a partir do Caos instalado. 

Três personagens,  O Ancião, O Jovem e Ela, criam um jogo profundo de transformação, sincronicidade e Caos.

Mutações é um “sentir”.Sempre me lembro de,ao assistir Kazuo Ohno, Pina Bausch e Sankay Juku – não desejar me levantar do lugar, ir embora: desejava ficar ali para sempre, sentindo e vendo os artistas que reproduziam o que penso da vida e da arte.Só sentindo. Revivo essas mesmas sensações ao assistir “Mutações”. 

A peça é uma feliz sincronicidade de diretor e artistas envolvidos, onde tudo e todos caminham juntos.

Com trabalho profundo do movimento e teatro físico,o diretor André Guerreiro Lopes  traz a direção firme, exata, profunda e inteligente nos movimentos e expressões dos artistas a brilhar em cena. Uma das melhores direções dos últimos tempos.

A direção musical e trilha sonora, de Federico Puppi,  resgatam a grandeza do cinema para o teatro, iluminando cada movimento dos atores. Belíssima pesquisa. 

Simone Mina, figurinista e cenógrafa, surpreende a plateia com conceitos plásticos valorizando, ainda mais,a montagem. 

A dramaturga Gabriela Mellão garimpou as palavras para  transmitir ao público todo o universo do I Ching no texto forte e contundente.

Luís Melo volta ao teatro com domínio do pleno oficio,com um trabalho físico impecável e a maestria de um grande ator. 

Andreia Nhur, o condutor do fluxo de energia do texto  transmitindo sentimentos de todas as mutações vivenciadas no espetáculo.

Mutações é um espetáculo sensível, essencial e imperdível para os amantes das artes,com produção perfeccionista e única.

Assistir a obra é um convite a repensar o momento que vivemos,onde se  busca uma resposta  aos aconteciementos  , presentes e passados. 

Por agora fica só o mergulho e caminhar no Caos desta megalópoles árida e solitária.

 

Pamela Duncan

 

Revisão Eugenia Alice

Blog Pensamento – um ponto de vista.www.pameladuncan.art.br

 

Teatro Anchieta 

– Sesc Consolação

Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo

site sescsp.org.br, 

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