Vista

Violência Sexual – Faz-se necessário um olhar feminino.

O romance Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy, gira em torno do relato, em primeira pessoa, do estupro sofrido (realizado) em 2016, no Rio de janeiro na Vista Chinesa às vésperas das Olimpíadas, e os desdobramentos dos sentires da mulher violentada e a luta pela superação do ocorrido.

Julia Lund, atriz talentosa, não imprime os sentimentos necessários à  sua melhor performance; mantém ela um distanciamento das emoções no relato, ao fim das contas, penoso; é preciso mais para criar-se empatia com a plateia frente à situação vivenciada pela vítima.

Nesta linha, a adaptação para o teatro “peca”  por  mostrar durante todo o tempo um relato “superficial” a partir do tema central da trama, o estupro.

“Como conseguir ser feliz a partir desta situação na vida?”. 

Nos dias que correm, época  em que o feminicídio aumenta e o abuso sexual está em  altíssimo patamar, faz-se necessário o “olhar” e o “sentir” mais profundo, feminino, contundente e, até mesmo, visceral de tais dramas que se repetem bem próximos a nós, no dia-a-dia, e  em alguns casos sem a devida puniçao. 

O meu destaque da montagem fica pela concepção do figurino, de Thais Delgado; criação-desenho de luz, de Alessandro Boschini – belíssima – e a música ao vivo de Pedro Sodré,  criativa,  bem executada, precisa e pontual.

O diretor Luiz Felipe Reis utiliza de multimidia durante todo o espetáculo, de forma profissional, dentro da sua concepção de direção. 

Pamela Duncan 

Revisão Eugenia Alice

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