Peça protagonizada por Othon Bastos fala-nos que temos a arte para não morrer de verdade (Nietzsche).
O inquieto ator, aos 74 anos de carreira, assina o primeiro e magistral monólogo como uma ode à alegria de ter sido escolhido para viver nas artes cênicas.
O artista nos mostra apurada técnica vocal, de respiração e nos tempos precisos em cada fala. O corpo expressivo acompanha cada movimento em cena e permite ao público viver cada situação criada pela dramaturgia da vida do artista .
A partir da parceria com o autor e diretor Flavio Marinho nasce o texto dado como depoimentos, escritos e muita conversa.
Pelo verbo, encanta e leva-nos a conhecer sua vida de trabalhador das artes cênicas, feliz em suas escolhas. Nos momentos vivenciados o ator conduz-nos, e aos artistas presentes, à reflexões sobre suas próprias trajetórias, cheios de encontros e desencontros, dores e alegrias. Tudo com muita clareza de estar-se fazendo o que mais ama ..
Humor e prazer permeiam o espetáculo. O ator nos fala que faz o que mais gosta, inteiro e na fruição do tempo presente no palco de um teatro na cidade de são Paulo .
Othon Bastos escolheu uma equipe próxima e na qual confiou, e teve de retorno uma obra inesquecível e profissionalíssima.
A direção precisa de Flavio Marinho desenha uma coreografia simples e inteligente para o monólogo. Mostra-se ótimo diretor nas suas escolhas cênicas e na escrita.
O ator contracena com a experiente atriz Juliana Mendella que faz uma personagem polifacética – pode ser o Ponto – Alexia ou a Memória. Mostra-nos um trabalho corporal expressivo compondo seu olhar feminino de cativante humor e espontaneidade. Completa as cenas e o contato com o público .
A direção de arte de Ronald Teixeira vem ao encontro da proposta desta equipe.
O cenário e figurino, bem conceituados, desenham cada momento de expressão dos atores.
A iluminação de Paulo Cesar Medeiros cria climas intensificando momentos marcados da dramaturgia e encenação .
Produção impecável em todos os quesitos.
O espetáculo é mais que lembrança da trajetória do incansável ator, e o público responde com a igual alegria desta equipe de navegantes solitários.
A arte e a passagem do ator Othon Bastos por São Paulo deixaram a marca e beleza na arte de representar reafirmando, mais uma vez, que a arte é fundamental. “A arte nos salva – nos salvou e nos salvará“.
Pamela Duncan Blog Pensamento
Alice Eugenia correção
Sesc 14 Bis – Teatro Raul Cortez
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista – São Paulo – SP
Informações: www.sescsp.org.br/14bis
Instagram: @othonbastosnoteatro / @sesc14bis
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