Pawana

Momento de Pensamento e amor para os homens de boa vontade

Baseada em histórias reais, o espetáculo Pawana traz dois narradores, O Capitão e  O Marinheiro interpretados, respectivamente, por Celso Frateschi e Rodolfo Valente, que embarcam em um navio baleeiro rumo a um refúgio onde  baleias-cinzentas vão parir seus filhotes. A mira  é conseguir o valioso óleo desse animal, matéria-prima responsável por sustentar boa parte da economia mundial até o final do século XIX, que se traduz em fonte de combustível – iluminação,  como, também, em fonte de carne até os dias de hoje.  Assim, guiados não somente pela curiosidade e o espírito aventureiro, mas também pela cobiça. O capitão e sua tripulação não se importam em promover uma enorme matança das baleias e a extinção destes animais marinhos. Estes pIratas dos mares,  ainda hoje,  no sul da Argentina e Chile, realizam intensa caça proibida.

 

A proposta de encenação deste talentoso grupo de artistas vai além das histórias narradas no livro –  ela nos fala,  também, dos dias de hoje e da nossa relação predadora com a natureza:  os seres humanos em seus atos levados pela ganância e pelo poder;  a promiscua devastação gerada  por nós mesmos. 

No dia que assisti o ator Celso Frateschi, com domínio total  das cenas , do verbo e pleno no palco, conduzindo  com  sua arte  o público a refletir   “o que está nos acontecendo?”:  Devastação – crescimento da violência – as guerras… e nós, calados ?! Assim, chegando o ator ao final   do espetáculo, em lágrimas, este sussura em voz baixa– “Me lembrei de Gaza”. Pleno de emoção, tocando a alma da plateia, um dos melhores atores da temporada.

 Produção cuidada em todos os detalhes. 

A criação da luz,  de Wagner Freire, marca tempos, sentimentos e o espaço das cenas bem costuradas e delicadas, no desenho do diretor Jose Roberto Jardin.

Trilha sonora bem conceituada, de Piero Damiani, pontua  climas e momentos dramáticos da obra com força e encantamento.

Sylvia Moreira desenha os figurinos e cenário criando  movimentos   e realismo no figurino, acorde à proposta cênica, montando bela composição.

O espetáculo conta com a pesquisa teórica de Welington Andrade ao criar a profundidade necessária para o tema abordado na montagem.

Pawana nos fala do renascer da consciência e, assim como o teatro Agora,  ora rodeado de escavadeiras, barro e chapas de metal,  ressurge dessa lama  depois de quatro anos fechado pela construção do Metro na região, desestabilizando os imóveis ao seu redor e a vida deste espaço cultural tão importante e necessário. 

O Agora nos mostra com seu teatro a importância das artes cênicas nas nossas vidas e como “ave fênix” resurge constatando que a Arte salva,  o teatro salva e nos salvou. Longa vida aos artistas – seu espaço e suas obras! 

A Cidade agradece estas gotas de pensamento e consciência.

 

Pamela Duncan 

Alice Eugênia – revisão

Ágora Teatro – Endereço: Rua Rui Barbosa, 664 – Bela Vista – São Paulo – SP

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